A Capitã Marvel finalmente está entre nós! Ou melhor, está devidamente integrada – após uma longa e tortuosa espera – ao MCU. Afinal, acaba de chegar aos cinemas o filme de origem da personagem criada em 1968 – e re-significada de forma esplêndida em 2012 por Kelly Sue DeConnick.
E para a nossa alegria, a expectativa – potencializada pela cena pós-créditos de Vingadores Guerra Infinita – é recompensada de maneira muito satisfatória. Sobretudo, no que compete ao objetivo de apresentar a heroína mais poderosa do Universo Cinematográfico Marvel.
A Carol Danvers de Brie Larson
Nesse contexto, não tem como não iniciarmos esse review pela Carol Danvers de Brie Larson. Afinal, independente da qualidade geral da produção, era fundamental que ela funcionasse, e muito. Ainda mais, quando lembramos que a heroína deverá ter no futuro do MCU a mesma importância e relevância que Homem de Ferro e Capitão América tiveram até então na franquia.
Logo, a responsabilidade nesse aspecto era gigantesca. Felizmente, o objetivo é cumprido, por que Larson está ótima no filme!
Sobretudo, ao apresentar a humanidade da personagem através de características e atitudes fundamentais da mesma. E embora em alguns momentos ela pareça inexpressiva – ou não se destaque tanto em cenas cômicas – saiba que parte destes fatores são justificados no próprio roteiro.
Então, não critique a atuação da atriz (como alguns “críticos” tem feito na web) antes de revisitar importantes argumentos do texto – expositivo, ou não.
Obviamente que, o trabalho de Larson se destaca mesmo quando conjugado com o de outros atores. Em especial, o Nick Fury de longa data de Samuel L. Jackson. Em Capitã Marvel, é visível o total domínio que o ator tem do papel do ex-diretor da SHIELD.
A atuação equilibrada do elenco
Embora, vale lembrar que ele aparece em uma versão mais jovem (rejuvenescido digitalmente de forma primorosa). Ou seja, de certa forma não deixa de ser um personagem diferente.
Mas, nada que deixe Jackson desconfortável impedindo-o de entregar uma ótima atuação que apoia Larson, ao mesmo tempo em que protagoniza os melhores momentos cômicos da trama.
Muitos deles, em parceria com o mascote Goose que, apenas para você ter uma ideia, tem um carisma capaz de rivalizar com a versão infantil do Groot. Tal performance do felino é potencializada pela ótima aplicação do CGI.
Ainda sobre os personagens de Capitã Marvel, é preciso destacar a atuação dos demais membros do elenco.
Do Yon-Rogg de Jude Law à Maria Rambeau de Lashana Lynch, passando pela pequena Mônica da (ótima!) Akira Akbar, todos cumprem o seu trabalho de maneira muito competente e satisfatória, proporcionalmente ao que o papel de cada um exige. Nesse contexto, vale destacar o excelente General Skrull Talos do debochado Ben Mendelsohn.
Todos eles, com atuações muito competentes, e comprometidas com o grande desafio do roteiro: apresentar Carol Danvers.
A voz própria do filme da Capitã Marvel
Aliás, sobre a heroína – e sua importância para o cinema – precisamos falar sobre a forma como a sua história de origem internaliza o feminismo.
Sim, isto está no filme. Mas, de maneira muito orgânica e original. Sem exageros no seu discurso, e respeitando ao máximo a mulher “comum” – sem apelar para argumentos panfletários. Nesse contexto, aliás, é interessante observar que em nenhum momento o filme – através da sua fotografia – sexualiza Larson.
Há também a negação de mostrar Danvers tentando superar o Yon-Rogg, Fury ou qualquer outro homem. Afinal, sua busca é interior, sua batalha é consigo mesma. Ela quer descobrir sua real identidade. E, acima de tudo, superar suas próprias limitações e amarras.
Além disso, não podemos deixar de destacar algumas decisões corajosas do roteiro. E também, a forma como adapta com primor a origem da heroína dos quadrinhos para a telona. Isto merece – e muito – ser louvado!
Os problemas…
Obviamente que, nem tudo são flores. Por que a produção tem problemas que o fazem parecer um retrocesso dentro de uma franquia em evidente evolução após lançamentos como Guerra Infinita e Pantera Negra.
Alguns destes defeitos, infelizmente, são recorrentes. Como os efeitos visuais em cenas de ação. Mesmo que, particularmente, eu tenha achado este problema um pouco mais ameno aqui, em relação a outras produções do estúdio. Digo isto, por que acredito que hajam alguns pequenos avanços. Sobretudo, quando comparamos – apenas para exemplificar – Capitã Marvel à Pantera Negra e Capitão América: Guerra Civil neste quesito.
Ainda sobre os defeitos, falta sim um pouco de personalidade na direção. Digo isto, pois perdeu-se talvez a oportunidade de criar algo tão autoral quanto o Guardiões da Galáxia de James Gunn, ou mesmo, o Thor Ragnarok de Taika Waititi. Afinal, Capitã Marvel revela uma conjuntura meramente “industrializada”, comum à muitos filmes do gênero.
Ao mesmo tempo que, encontra na cadência – e montagem – um dos seus pontos negativos mais salientes. Principalmente, nas cenas de luta.
Tal incômodo fica ainda mais evidente quando lembramos que a trama se passa nos anos 90: um celeiro de oportunidades e referências estéticas que são, em boa parte, negligenciadas na produção.
Obviamente que, este aparente descuido é totalmente inexistente quando o filme precisa apresentar Easter Eggs e, sobretudo, Fan Services. Logo, fique atento, por que as conexões da trama com outras produções do Universo Cinematográfico Marvel vão exigir a sua atenção.
Conclusão!
Por fim, fica o lembrete: são duas cenas pós-créditos!
E também, a certeza de que a Capitã Marvel chegou para ocupar um espaço fundamental, não só no que compete ao cânone cinematográfico da Marvel, mas também, na cultura pop como um todo.
E que venha Vingadores Ultimato! E que vejamos Carol Danvers chutando o traseiro de Thanos… por que esta mulher é F***!
Ps.: Se você já viu o filme, certamente sentiu falta da nossa opinião sobre algumas liberdades criativas que os roteiristas tomaram. Mas, fique ligado aqui na Central pois iremos abordá-los em futuros artigos! Até porquê, algumas delas podem, simplesmente, terem tentado nos despistar…