Sinceramente, desde Defensores que eu não me sinto suficientemente motivado para escrever críticas sobre as séries dos heróis urbanos da Marvel na Netflix. Sobretudo, à partir da queda drástica de qualidade em algumas das produções da franquia. Possivelmente, desde o primeiro ano de Punho de Ferro. Quiça, da segunda metade da temporada inaugural de Luke Cage (embora deva admitir que os últimos episódios dessa série são muito bons!). Mas, essa minha resistência mudou – igualmente de forma drástica – quando assisti a 3ª temporada de Demolidor.
Afinal, o que se vê nesses treze novos episódios da série protagonizada por Charlie Cox é de aplaudir de pé.
Uma ‘nova’ jornada do Demônio de Hell’s Kitchen?
A jornada do herói, construída nesse novo arco, é irretocável. E homenageia sagas antológicas deste que possivelmente é um dos personagens mais interessantes e complexos do Universo Marvel das HQ’s.
Ou seja, ao contrário do que imaginávamos, a terceira temporada de Demolidor não restringe as suas influências oriundas dos quadrinhos apenas ao arco ‘A Queda de Murdock’. Porque vai mais fundo, e apropria-se de elementos de outras histórias igualmente brilhantes, como ‘O Homem sem Medo’, ‘Esposto’, ‘O Demônio Interno e Externo’, ‘Diabo da Guarda’ entre outras.
E faz isso com primor. Principalmente ao realinhar a jornada de Murdock à partir da primeira temporada. Ignorando com isso à irregular segunda temporada, e também, os eventos da fraquíssima série Defensores.
Afinal, tudo o que precisava ser explicado sobre o que aconteceu em cada uma dessas tramas é resolvido em raras cenas. Logo, limpa todos os excessos de roteiros das últimas aparições do Demolidor nas telas para focar-se exclusivamente na continuação da sua origem e os complexos dilemas intimamente ligados à sua dupla atuação.
E também, na rivalidade com o Rei do Crime.
De novo, o foco aqui é no herói, e na sua jornada redentora após perder completamente à crença em institucionais fundamentais para ele. No caso, a religião e a justiça.
Como está o elenco nos novos episódios?
Sobre o elenco, é completamente inviável apontar um destaque negativo. Mas, podemos sim afirmar que a atuação de Cox segue impressionante. Com certeza ele é o Matt Murdock definitivo. Não tem como imaginar outro ator no papel do advogado.
Vincent D’Onofrio (Wilson Fisk) é outro que dispensa comentários. Afinal, ele entrega, DE NOVO, um trabalho de extrema qualidade ao encarnar o famoso Rei do Crime dos quadrinhos.
Soma-se à eles, Wilson Bethel (Ben Poindexter/Mercenário), que simplesmente nos convence por completo que é um psicopata igual o vilão clássico das HQ’s. Sobretudo, em cada uma das cenas que salientam os fatores que definiram a construção desse serial killer.
E, a sua brutalidade e visceralidade em cada uma das sequências em que o vilão mata alguém, cria uma verdade absoluta em torno da total frieza do personagem.
Como eu disse, todo o elenco está bem.
Algo que, vale frisar que é resultado de um excelente roteiro. Digo isto, porque talvez você tenha lido por aí que alguns episódios da terceira temporada de Demolidor são arrastados, inúteis para a trama como um todo. E o que eu digo sobre isso? BALELA!
Afinal, mesmo as histórias ‘solo’ aparentemente menos interessantes tem algum tipo de função em momentos chaves da história. Logo, toda e qualquer cena contribui para a construção do personagem que a protagoniza e converge sem deixar arestas para o arco principal que é contado no decorrer da temporada.
Além disso, vale também parabenizar o ritmo da série: começa lenta e vai numa crescente que simplesmente estoura os seus neurônios no último episódio!
Veredito ou intimação?
Cara, sendo bem franco, poderia continuar elogiando vários outros aspectos da volta do Demolidor. Como por exemplo a nova versão da “luta no corredor” (dessa vez em um plano sequência de tirar o fôlego dentro da prisão), a melhora significativa nas coreografias das lutas ou, a forma como a temporada é extremamente real, palpável, ao mesmo tempo em que talvez seja uma das melhores adaptações de histórias da Marvel para as telas que nós já vimos.
Mas, como eu escrevi no título dessa crítica, esse texto não é um simples review. Aliás, evitei ao máximo revelar qualquer spoiler. Por menor que seja.
E qual o motivo disso?
Em suma, porque estamos diante de uma temporada definitiva. Não só do Demolidor ou das demais produções da Marvel na Netflix. Mas, de todas as séries já produzidas envolvendo personagens e histórias do Universo Marvel.
Ou seja, se você é fã da Casa de Ideias, isto é sim uma intimação para que assista os novos episódios do Demônio de Hell’s Kitchen!