Em fevereiro de 2016 chegava aos cinemas o primeiro filme solo do Deadpool. Estrelado por um inquieto Ryan Reynolds, que buscava à todo o custo interpretar um grande personagens das HQ’s de maneira digna (após os frustantes Blade 3, Wolverine Origens e Lanterna Verde), a produção surpreendeu, e muito. Afinal, mesmo com um orçamento bastante modesto, o longa arrecadou incríveis 783 milhões de dólares mundialmente.
Tamanho sucesso junto ao público – e também, junto à crítica – rendeu ao filme indicações ao Globo de Ouro, ao prêmio do Sindicato dos Produtores da América entre outros.
Muito desse sucesso deve-se ao fator surpresa inerente ao projeto. Afinal, recursos como a metalinguagem e a quebra da quarta parede não eram comuns nas demais produções do gênero. E claro, deve-se também ao papel disruptivo que o mesmo teve ao apresentar a história de um super-herói no cinema com uma restrição etária bastante rigorosa.
Pois bem, depois de tanto alarde, era esperado que Deadpool tivesse uma continuação.
A importância do Deadpool no cinema
E ela chegou! De maneira que, estabelece o herói mais politicamente incorreto como o epicentro do universo mutante no cinema. Isso porquê, o novo longa amplia o cânone à partir da apresentação de novos heróis, como Cable (Josh Brolin), Dominó (Zazie Beetz), e claro, o embrião da X-Force.
E é nesse ponto que começam alguns defeitos da produção. Isso porquê, o personagem de Brolin parece bastante desconectado da história. Afinal, embora exista a importância do mesmo na trama, o seu background não parece fazer efeito junto ao caráter cômico estabelecido.
De maneira que, a mutante interpretada por Beetz rouba a cena à cada sequência em que aparece. Seja pela maior química com Deadpool ou, pela extravagância do seu poder (simplesmente, ter sorte), seus momentos representam um dos pontos altos do filme.
E ao falar de Dominó, preciso falar das cenas de ação. Afinal, algumas das melhores envolvem ela.
Efeitos práticos vs efeitos visuais
Ïsso porquê, o diretor David Leitch, famoso por John Wick, entrega ótimas sequências de ação quando a matéria prima das mesmas envolvem “efeitos práticos”. Ou seja, não exigem maiores esforços em CGI ou demais efeitos visuais. Já nos momentos em que a produção utiliza desses dois recursos, aí a qualidade caí consideravelmente. Neles, entram em cena as famosas impressões de “plasticidade”, e também, as mudanças drásticas de fotografia.
Ryan Reynolds = Wade Wilson
No que diz respeito ao trabalho de Reynolds, o mesmo segue impecável no que compete à simbiose com o seu papel. De fato, o mesmo encarna o personagem de maneira que, pouco à pouco, consolida-se a ideia de que o Deadpool é o grande trabalho da sua carreira.
Em especial, no que compete ao tom humorístico da história. E aqui, é bom frisar: Deadpool 2 é sim um filme de comédia.
Com piadas ácidas, sem nenhum filtro e cheias de referências da cultura pop (a maioria delas, do próprio gênero de filmes de super-heróis), o longa é divertidíssimo! Afinal, ele pega todas as “receitas” que deram certo no primeiro e multiplica por dez. Mesmo que, ele não utilize tanto do diálogo direto do herói com o público, o roteiro trata de jogar, compulsivamente na tela, um momento mais engraçado que o outro.
A “fórmula Deadpool”
E como eu disse, a fórmula que funcionou antes, segue funcionando. O único problema é quando a trama tenta estabelecer os seus conflitos dramáticos em paralelo à mesma. Ou seja, tenta aprofundar algumas questões mais profundas de um personagem que, para quem o conhece dos quadrinhos, sabe que não existem.
Dessa forma, o que pode ser considerado um erro é o fato do roteiro tentar emplacar momentos extremamente pesados, ao mesmo tempo que, no minuto seguinte já os descaracteriza. Embora isso possa sim fazer parte do humor, em Deadpool 2, essa transição soa forçada e desequilibrada.
Em resumo, existe indecisão na hora de determinar qual é o tom de determinadas subtramas.
A cena pós-crédito
Sobre a cena pós-crédito (são duas, mas que funcionam em conjunto) salientada no título da crítica… ela é absurdamente engraçada! Para alguns mais exagerados, talvez seja considerada a “melhor de todos os tempos”. Para mim, pode ser considerada a “mais engraçada de todos os tempos”.
Relaxa, que não vou dar spoilers. Mas vá ver o filme e aguarde, porque você não vai se arrepender!
Veredito!
Entre erros e acertos, Deadpool 2 merece a sua audiência. Por que embora o mesmo apresente alguns problemas que o filme anterior não tinha, ele pega o que o primeiro filme teve de melhor, e eleva à décima potência. Ou seja, a diversão é 100% garantida!