Após uma expectativa gigantesca gerada no decorrer dos últimos meses, estreou essa semana o aguardadíssimo filme Thor Ragnarok. E sim, na opinião da Central Vingadores, não só é o filme de super-herói do ano (ainda falta estrear Liga da Justiça), como entra tranquilamente no Top 5 de filmes do Universo Cinematográfico da Marvel.
E digo isso com cautela viu, esperei passar o hype da sessão antes de escrever essa crítica para vocês. Afinal, na emoção do momento, poderia exagerar um pouquinho. Mas, certamente, essa escala de exagero passaria longe do grande exagero chamado Thor Ragnarok. Pareceu pejorativo? Amigo, vou te dizer porque não é.
Embora o terceiro longa do Deus do Trovão busque muitas referências, tanto estéticas quanto de tom, em Guardiões da Galáxia, ele consegue de maneira contida subverter o gênero de filmes de super-herói. Não podemos negar que a fórmula Marvel está lá. Ela segue a mesma, com todos os protocolos que estamos acostumados a assistir nas produções da franquia. Mas, entre bonitões sem camisa para a mulherada e referências quadrinhescas para os fãs tradicionais, existe uma desconstrução do gênero que merece muito ser louvada. Tudo isso, guiado pelo talentoso diretor Taika Waititi.
Parte desse louvor vem justamente do fato de percebermos, depois de muito tempo, alguma autoralidade de um diretor em um filme da Marvel. Como dito antes, o cara simplesmente desconstrói elementos fundamentais do protagonista em prol da comédia. Porque já aviso, é isso que Thor Ragnarok é: um filme de comédia com super-heróis.
E definitivamente, não existe problema algum nisso. Falo isso como fã de HQ’s, que já leu, inclusive, o Ragnarok nos quadrinhos que de comédia não tem nada.
Melhor filme de super-herói do ano?
A chamada desconstrução é ilustrada no próprio Thor (Chris Hemsworth). Logo no início, a história já trata de tirar boa parte do peso dramático que o cânone havia colocado sobre o mesmo. E de maneira bastante satisfatória. No decorrer do filme, pouco à pouco você perceberá que Waititi consegue nos apresentar o melhor Thor que já vimos no cinema. Esse acerto parte justamente da veia humorística do diretor que sabendo identificar o talento cômico de Hemsworth e compreender as falhas da representação clássica do personagem nos demais longas da franquia, nos traz um deus nórdico mais crível, com maior potencial de gerar empatia junto ao público. E é interessante observar como essa reformulação é representada também no visual. Algo que já tínhamos visto nos trailers e demais materiais promocionais.
O elenco principal
Sobre os demais personagens, Bruce Banner/Hulk (Mark Ruffalo) está sensacional. Inclusive, embora alguns possam pensar o contrário, ele apresenta evoluções como personagem. Note algumas reações do mesmo à provocações do Thor que você entenderá o que estou dizendo. Valquíria (Tessa Thompson) entrega o que se esperava e apresenta o melhor arco individual da história. Hela (Cate Blanchett) é sim uma das melhores ameaças que já vimos no MCU, porém, embora a atuação de Blanchett esteja espetacular como sempre, soa canostrona em alguns momentos.
Obviamente, isso decorre do roteiro, que como eu disse antes, privilegia o humor. Ou seja, não havia espaço para grandes desenvolvimentos dramáticos. O Grão Mestre, interpretado por Jeff Goldblum, é… uma caricatura “cósmica” de Jeff Goldblum. Afinal, o cara atua praticamente sempre do mesmo jeito e aqui, Waititi aproveita muito bem isso de maneira que a auto-sátira funciona em perfeita harmonia com o papel do personagem no filme.
Loki: herói ou vilão?
Do elenco principal, temos também o Loki (Tom Hiddleston). E, talvez esse tenha sido o meu único desconforto com relação aos personagens. Digo isso, pois aparentemente a Marvel não está mais sabendo o que fazer com esse (ex?) vilão. Mesmo as dinâmicas do mesmo com Thor já soam previsíveis. E a eterna dubiedade do personagem igualmente. Acredito, sinceramente, e falo isso sem dar nenhum spoiler, que talvez Vingadores Guerra Infinita represente o fechamento do arco do Deus da Mentira…
Sobre os detalhes técnicos do filme: Efeitos visuais estão ESPETACULARES! E somados à fotografia, apresentam imagens tão maravilhosas que dá vontade de simplesmente ficar passando frame por frame para admirá-las. Sequências de ação igualmente satisfatórias. Inclusive, notei um aperfeiçoamento do uso do CGI. Pois em outras produções da Marvel, o mesmo parecia um pouco mais artificial do que em Thor Ragnarok.
O visual como um todo do filme é sim fortemente influenciado pelo mestre Jack Kirby, mas percebe-se também, assim como Guardiões da Galáxia, várias elementos que remetem às óperas espaciais dos anos 80. Fora alguns outros pequenos detalhes da cultura “oitentista”, é claro. Como a camiseta do Duran Duran utilizada por Banner.
A trilha original acompanha toda a ambientação a construção. Roteiro super ok. Mesmo previsível, ele vai te surpreender em momentos chaves da história.
O único ponto um pouquinho mais crítico do filme na minha opinião é a montagem. Em determinados momentos, em especial na primeira metade, os cortes de um núcleo para o outro são muito rápidos. Faltando assim, tempo para você aproveitar universos riquíssimos como o de Sakkar. Além disso, essa falta de tempo para explorar determinadas situações do filme nos traz a impressão de que algumas resoluções são um pouco rápidas demais.
Qual é a nota?
Pois bem, depois de tudo isso, mesmo com um ou outro ponto que me incomodou um pouco, minha nota para Thor Ragnarok é sim a máxima! Como eu disse, é exagerado porque ele tem que ser exagerado mesmo. Combinando muito humor com ações e um pouquinho de drama, o terceiro filme do Thor é uma experiência completa de encher os olhos!
E você, já viu o filme? Não deixe de comentar com a sua opinião!